quarta-feira, 21 de julho de 2010

... é o que tem pra hoje

Hoje até fez sol. Eu até prefiro escrever em dias de chuva. Mas hoje fez sol, e é por causa dele que eu quero escrever. É sobre a luz que ele traz e sobre a luz que eu sinto em mim agora. Que perdoem os metereologistas, mas não é sobre isso que eu falo. Confesso que se não todas, a maioria (das poucas vezes) que voltei "pra casa" queria ir-me embora logo, assim de cara, ao dar as caras à tranquilidade (em partes) que o aconchego dos meus pais me dá. Talvez fosse algum tipo de monotonia, de não querer diminuir o ritmo. Sabe, nasceu comigo o meu fascínio por controversas... o gosto de contrariar os outros, talvez estivesse na hora de ter uma comigo mesma. Dessa vez foi diferente, e isso me fez boiar numa imensidão de mar, colorido, um verdadeiro espectro de cores, de todas elas, de perguntas e respostas. Pode ser loucura, talvez até pecado, aquelas atrocidades que fazem de se pendurar por ganchos perfurando toda a pele. Essas brincadeirinhas devem resultar, no mínino,em uma dor espantosa, mas ao menos estes ousados vêem as coisas de cima. As ver as coisas do alto pode doer. Não estou pendurada por ganchos, mas eu conssigo ver muitas coisas quando estou aqui em cima. Eu me vejo mais perto das pessoas que mais me amam nesse mundo e que eu amo também, eu vejo minha família. Eu vejo minha mãe e vejo que nunca vi ninguém com tamanha honestidade em toda minha vida. Eu vejo meu pai, tão diferente de antes. Meu irmão também cresceu. Ele até vai sozinho pra escola agora. Eu vejo meus cachorros da janela do meu quarto. Vejo meus amigos, gente com quem eu me importo e que eu sei que se importam comigo também. Eu rio com eles, me sinto à vontade, me sinto em casa. Eu recebo abraços e palavras carinhosas de quem eu não via a muito tempo. Eu retribuo quando é verdadeiro. Quando eu preciso ir eles até me desejam boa viagem. Eu vejo, revejo, e admito meus erros, as vezes eu também choro. Eu peço perdão por eles. Daqui de cima, eu vejo melhor o pôr do sol e eu lembro de alguém. Quando a noite vem, repito admirar sua escuridão, tamanho charme e mistério, me sinto confortável em seus braços... mas eu também gosto quando faz sol, como hoje. Eu gosto de cheiro de luz, como a que eu sinto. Acho que meu coração está em paz agora.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

muito prazer, meu nome é otário

"Vindo de outros tempos mas sempre no horário, peixe fora d'água, borboletas no aquário. Tudo bem... Até pode ser... que os dragões sejam moinhos de vento. Muito prazer... ao seu dispor, se for por amor às causas perdidas. Por amor às causas perdidas."

Dom quixote.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

chá de borboleta

1, 2, 3, cinquenta e três. A parte doce do meio amargo. No frio, cachecol feito caracol enrolado no pescoço. Comum que nessas épocas do ano as doenças e viroses saiam à passeio feito cobras com água na boca rastejando por vítimas. Conheço uma que ataca o coração, tão bela e venenosa, chama-se paixão. Primeiro é enfeite como conversa de curandeira, depois brinca de ser cupim e corrói toda a madeira. Sai à francesa, pisa na mesa, deixa a vela... acesa. Deve-se alertar a todos que a vacina é traiçoeira, podendo ser apenas passageira. À essas desastrosas impetuosidades recomenda-se chá de borboleta, pássaros da alma, que voam de olhos abertos. Que voam os olhos, abertos.

domingo, 11 de julho de 2010

Ainda tem o seu perfume pela sala, ainda tem você na sala. Por que meu coração dispara quando vem o teu cheiro, dentro de um livro, dentro da noite veloz. Ainda tem o meu perfume na tua casa, ainda tô aí sala. E o meu coração dispara quando vem o teu beijo, dentro de um livro, que eu ainda não li. Entre por essa porta agora,
e diga que me adora. Você tem meia hora pra mudar a minha vida. Vem, vambora... que o que você demora é o que o tempo leva. Ainda tô aí sala, dentro de um livro,
nas cinzas das horas.

"Vambora - Adriana Cal."

domingo, 4 de julho de 2010


As cortinas estavam fechadas mas as janelas permaneciam abertas. Breve lembrança de tê-las aberto na metade do dia, meio dia, ainda era dia. Dia ensolarado o qual eu quase não vi, maldito dia que inventaram o "blecaute". O sol se foi, as coisas começaram a ficar frias por aqui. Brechas entre um sono e outro me fizeram sentir o vento atravessando os tecidos. 2° sono, no mínimo, pensei em escrever aqui, mas a preguiça me segurou pelos punhos. Talvez tornasse tudo isso mais proveitoso. Pensei em jantar, levantei, fechei as janelas, jantei e cá estou. Confesso que as vezes me perco nessa brincadeira de pensar pra escrever. Eu penso muito. Sempre faço promessas de levantar pra fechar as janelas quando sinto frio. As vezes eu preciso de motivos mais convicentes pra isso, mesmo sentindo frio. As vezes eu sei que as coisas estão pela metade e ainda sim me engano por parecer completo. 1,2...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Equilibre-se.


Ok. iria começar com um declame de que quando a idade chega, as dores também aparecem. Vamos poupar essa parte, as dores sempre estiveram presentes, coitada da minha amada mãe quando me teve. Eu queria falar exatamente sobre dores nas costas. Eu as tenho com frequência. Algumas dores são boas de se sentir, ao menos eu gosto de sentir dor nas pernas ao fazer musculação (ah sim, quando eu fazia...) é uma dor que traz recompensas... lembre-se que o verão não tarda. Mas dores nas costas não, não é nada bom. Fui procurar aliviar essa cruz que eu carrego... certa noite não saberiam diferenciar uma cobra contorcionista ou uma pobre velha deitada na cama... era eu. Tentei chorar pra passar, não passou. Fui ao médico, denovo ao mesmo médico, bonzinho, me indicou fazer pilates. Já havia tentado fisioterapia, algumas sessões até me fizeram bem, mas eu eu não suporto esse tipo de coisa tediosa, cronômetrada e regular. Voltando ao pilates, acordei cedo e tirei do fundo da mala uma calça de ginástica, tomei meu café rotineiro sem o qual não vivo. Entre alogamentos e movimentos relaxantes, a professora, muito simpática, falou sobre equilíbrio. Mandou-nos ficar em pé, sobre somente um pé e em uma posição confortável por quase 10 segundos. Depois, repetir isso de olhos fechados. É estranho como fechar os olhos as vezes nos tira o norte e ao mesmo tempo nos mostra toda uma imensidão. É mais difícil manter o equilíbrio de olhos fechados, tente e perceberá. É sobre isso que queria falar hoje, sobre equilíbrio, o qual eu busco agora desesperadamente (eu ainda vou consseguir tirar esse desesperadamente do meu vocabulário). As vezes eu preciso muito ficar sozinha, me fazer companhia. O isolamento e a vontade e ficar longe de todo mundo, a tolerância de admitir somente o sol, talvez uma sombra pequena e qualquer no bolso como única companhia, pode até parecer loucura. Ainda mais se você também desejar ficar em silêncio, no mais completo silêncio. Sabe, talvez não seja loucura, acho que se chama necessidade. A busca de mais do que encontrar alguém, encontrar-se com si mesmo. Equilibrar-se, querer conhecer toda a imensidão, sabendo que é necessário, antes de tudo, saber qual é o nosso norte. Há muito tempo me perdi de mim... acho que fechei os olhos. Queria tudo e queria muito, a todo tempo. Sem brincadeiras, isso até me fez engordar. Hoje eu aposto numa dieta mais saudável, em todos os sentidos da minha vida. Não é deixar de lado, é saber dosar. Equilibre-se.

segunda-feira, 28 de junho de 2010


"Zacarias, Rio de Janeiro, Brasil. Ele mora lá, Rio de janeiro, aonde tem moça bonita de calcinha na areia... é lá que ele mora, aonde é feita a novela, Rio de janeiro, Brasil...". Foi tudo (ou melhor somente, ele também falava sozinho) o que eu conssegui entender daquele homem. Cabelos grisalhos, não deviam dar as graças à uma tesoura à alguns meses... (quando eu digo alguns, entenda como vários) tão descuidados e quão grandes como a barba. Feição exaustiva, talvez ele tivesse passado a noite acordado... que inocência, ele havia dormido muito, dormido demais, havia bebido também. Não era negro, mas suas mãos eram escuras, sujas, envelhecidas. Ele se deixava enrolar por um cobertor, totalmente fétido, tão quanto ele ou até mais. Exalava cheiro de banheiro público. Desconfortável, inquietante. Ainda mais em um ônibus público. Há quem tenha nojo de pessoas assim e os ignore. É desagradável aos nossos olhos, não da pra negar. Todos os dias é fácil ver situações como esta, mas a figura daquele mendigo hoje ainda não me saiu da cabeça. Ontem não foi diferente quando vi uma família, (quando eu digo família falo de uma mulher e dois filhos, o marido deveria estar em casa ou em algum bar gastando seus últimos tustões... desculpe-me o esteriótipo, mas sou forçada a pensar assim) em uma estação tubo cheios de sacolas de roupa. Opa, compras? Lógico que não. Roupa rasgada, roupa velha, desbotada, tudo o que você não quer, era o que eles mais queriam. Um dos meninos, o mais novo, devia beirar os 4 anos de idade e brincava de "dar mortais",segundo ele, em uma estrutura totalmente inapropriada. Uma falha e aquilo renderia à ele uma bela fratura. Em seu rosto escorrida sangue... calma, era só um ferida. Marcas de lágrimas também escorriam de seus olhos, talvez ele tivesse mesmo motivos pra chorar. E você? o que te faz chorar? Você realmente tem problemas na vida?