domingo, 24 de janeiro de 2010

Ela tinha olhos que pareciam duas jabuticabas.E assim como os cabelos, escuros, seus olhos tão negros e brilhantes chegaram até mim. Ela estava à minha frente, devia beirar os três anos de idade e tinha perfume de flor.O tempo lá fora estava fresco, planejando uma chuva... mas algo começava a me fazer suar frio. Ao meu lado minha família, ao lado dela um homem. Um senhor bem apessoado,o qual me trasmite ilimitada simpatia desde o primeiro dia que o vi.Usava um suspensório preto e um óculos não muito grande. Não muito longe dele, eu também avistava um casal.Um belo casal.O assunto hoje era a família. Pensei muito à respeito de como lidar com a minha. De como ficar mais perto de Deus. Eu já suava frio, mais... e mais... Essa noite, senti meu coração amarrado, como se amarra algo com cordas. Pude ver lágrimas caindo, também as senti em meu rosto.Tive comigo alguém que vem sendo um pedacinho de mim a algum tempo, mesmo que não presente em carne e osso, o tive ao meu lado.Ao mesmo, quero repassar toda a força que hoje eu tive a certeza que preciso adquirir. Quanto a garotinha, eu vi inocência nos olhos dela, vi sua mão deslizar sobre os cabelos de sua mãe, vi o encostar de seu queixo nos ombros do pai. Inocência talvez seja uma palavra rara hoje, difícil de se ter. Algo me suspendeu e Alguém me mostrou a mim mesma lá de cima. Inocência eu não tenho mais. Antes eu queria começar a mudar as coisas. Agora eu vou mudar de verdade.

Já começava a trovejar lá fora, raios tão brancos que eram capazes de clarear a noite.Chove até agora, e como uma sinfonia a chuva acalma o meu coração. Depois de um temporal sempre vem a calmaria.Acho que ela está tão próxima agora.